sábado, 29 de agosto de 2015
AGOSTO/2015: EM DESSERVIÇO DA DESUNIDADE
Ja externei minha raiva dos que propõem datas baptizadas de forma muito
prolixa, mas existe um outro typo de inutilidade commemorativa: coisas
genericas demais, obvias demais, implicitas demais, ou, por outro
angulo, hypocritas demais, vale dizer, completamente desnecessarias. Em
agosto, por exemplo, temos um raio de "Dia da Unidade Humana", que,
segundo o palavreado oco, typico dos discursos politicos, remette à
diversidade cultural e, ao mesmo tempo, à egualdade entre todos os
habitantes do planeta. Ora, vão lamber sabão! O dia da confraternização
universal, em primeiro de janeiro, ja não seria sufficiente? E as varias
datas allusivas à raça ou contra a discriminação? Não fazem effeito? Si
fazem, para que mais uma? Si não fazem, para que perder tempo?
Não dá impressão de que ja existe o Dia da Chuva no Molhado e o Dia do
Dia Nublado? Do Dia do Dia Ensolarado ja nem fallo, pois seria pleonasmo
astrologico, né?
Taes besteiras se equiparam, typo Dia do Humanismo, Dia Humanitario, Dia
da Conscientização Nacional ou Dia da Comprehensão Mundial. Ja não
bastam os dias mundial e nacional dos direitos humanos, em differentes
mezes?
Quando me deparo com datas tão inconsistentes, penso logo no Dia da
População Terrestre, no Dia do Planeta Terra, no Dia do Kosmo e no Dia
do Infinito. Como naquella parlenda infantil: "Viva eu! Viva tudo! Viva
o Chico Barrigudo!" Ah, e não é que existe até o Dia do Disco Voador?
Esse pelo menos é bem-humorado e suggere abducções em massa de
convidados terraqueos às festividades marcianas...
Mas, só para voltar ao tal Dia da Unidade Humana, fiz questão de glosar
um motte para a occasião, que segue abbaixo, juncto com um madrigal. E
por hoje chega, que ja estamos viajando demais pelo espaço sideral, o
qual, aliaz, tambem tem seu dia...
MADRIGAL SIDERAL
Poeta que ouve estrellas sabe bem
aquillo que, do espaço até nós, vem.
Um disco voador signaes emitte
que apenas os poetas teem o dom
de ouvir. De apenas ver e dar palpite
tem dom qualquer ufologo. Ouço com
certeza, pois sou cego, e meu limite
é o fim do proprio kosmo, o escuro tom.
Affirmo, pois, euphorico e de bom
humor, que são verdinhos, sim, os taes
etês, ou marcianos, cujo som
eu capto com clareza, ainda mais
si rock estou ouvindo: um do Elton John
transmitte (o do astronauta) alguns signaes.
MOTTE GLOSADO
"Unidade Humana" vale
festejarmos o seu dia.
Impossivel que eu não falle
na questão da raça humana,
pois, nem mesmo a quem se ufana,
"Unidade Humana" vale.
Que a natura nos eguale
ja duvido, mas a fria
deducção nos dissocia.
Si, entre cegos, manda um rei
mais "normal", é falso, eu sei,
festejarmos o seu dia.
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